quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Del Pino foi um dos um dos articuladores
do Modenismo em Minas



A trajetória de vida do artista Del Pino, ou melhor, Alberto André Delpino Junior, nascido em Barbacena em 1907 e falecido em Belo Horizonte em 1976, está intimamente ligada à história das artes plásticas mineira e brasileira. Filho do artista Alberto André Feijó Delpino (1864-1942) – célebre por criar o retrato oficial do herói nacional Joaquim José da Silva Xavier, com a pintura “Tiradentes enforcado” –, Delpino foi um artista múltiplo que, a exemplo do pai, se tornou notoriamente conhecido como ilustrador e cartunista de revistas de circulação nacional como Fon Fon, Cruzeiro, Semana Ilustrada e do Jornal do Brasil.

Como pintor foi um dos articulistas do movimento modernista em Minas Gerais, ao coordenar em 1936 o “Salão Bar Brasil” – uma controvertida exposição de pintura que reuniu acadêmicos e artistas de tendência modernista. Encabeçado por Delpino, o grupo queria demonstrar o descontentamento em relação à hegemonia do fluminense Aníbal de Matos, que vindo anos antes para a capital mineira, a convite do então governador Bias Fortes, dominava a cena das artes plásticas mineiras, especialmente, a partir da criação da Sociedade Mineira de Belas Artes, que organizava as chamadas “Exposições Gerais”.

O Salão repercutiu positivamente, revelando não somente novos nomes, mas ampliando significativamente as atividades artísticas da capital, que passou a contar com salões e exposições de arte, encampados pela prefeitura, além das promovidas pelo Estado. Nesse momento, as cidades coloniais mineiras passam especialmente a servir como tema das pinturas dos principais artistas da época – Genesco Murta, Honório Esteves, Aurélia Rubião, Augusto de Lima e tantos outros... Além de Delpino Junior e Aníbal de Matos, que, apesar do desagravo conviveram sempre pacificamente em nome da arte mineira.

 


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Também artistas abstratos, como Yugo Mabe,
pintaram a bela e barroca Ouro Preto


É curioso perceber a paisagem ouro-pretana nesta tela do artista paulista Yugo Mabe (1955). Pintada no esplendor da terceira década de sua vida, é uma das poucas telas vinculadas ao abstracionismo brasileiro a compor a coleção que originou o projeto virtual Arte em Ouro Preto. O que nos leva a crer que bela e barroca cidade atrai artistas de variadas épocas e estilos.

Yugo formou-se em Comunicação em 1977, mas nunca exerceu a profissão de comunicólogo ou publicitário, dedicando-se desde jovem à arte, especialmente a pintura, influenciado pelo pai – o famoso pintor Manabu Mabe (1924-1997) e alguns de seus amigos, que em texto apaixonante afirma nunca ter pretendido ensinar o filho a pintar, mas a ser verdadeiramente um artista... "que pinta pelo prazer de pintar".

Junto a outros imigrantes japoneses, como Tomie Ohtake (1913), pai e filho contribuíram fortemente para a formação e afirmação do chamado abstracionismo lírico, uma das muitas vertentes da arte abstrata desenvolvida, sobretudo, na Europa, a partir da década de 1930. Nesta vertente, a representação figurativa do mundo é substituída pela expressão da emotividade, do ritmo das cores e dos impulsos individuais do artista, que descarta, por exemplo, a perspectiva e os jogos tradicionais de sombra e luz.

Assim, a predominância de manchas e texturas pictóricas sugere a realidade apreendida pelo artista. Diante da tela de Yugo Mabe é possível perceber o serpenteado das casas que levam à Igreja Santa Efigênia, ou, ainda, a igreja São Francisco de Paula levitando sobre a densidade arquitetônica da paisagem ouro-pretana.