quinta-feira, 30 de junho de 2011


Colette Pujol: domínio técnico a serviço da sensibilidade

Em sua carreira, a artista paulistana Colette Pujol (1913-1999) manteve-se fiel ao academicismo brasileiro, que se formou a partir da criação da Academia Imperial de Belas Artes, em 1726, no Rio de Janeiro, com a vinda da chamada Missão Artística Francesa.

É dela a frase: “A técnica é indispensável para o artista, mas sempre a serviço da sensibilidade, da expressão de um sentimento, de uma idéia. Nunca a técnica pela técnica.”
Segundo o crítico Fábio San Juan, a artista, que foi também professora, “preservou os cânones acadêmicos com a expressão de seus valores pessoais em obras com grande apuro técnico, resultando daí obras de grande beleza. (...) Suas pinturas a óleo, com casarios de Ouro Preto, retratos e naturezas-mortas, são uma mistura das lições da Academia e o senso de solidez de Cézanne."


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ouro Preto: cidade-tema das telas de Holmes Neves

Mineiro radicado no Rio de Janeiro, mais precisamente em Copacabana, onde gostava de morar e de onde dizia não querer sair, Holmes Neves (1925 - 2008) nunca se afastou de seu aprendizado artístico em Minas Gerais.

Nascido em Lima Duarte, mudou-se aos 21 anos para Belo Horizonte para estudar na Escola de Artes conduzida por Alberto da Veiga Guignard. Com ele, aprendeu a pintar e a retratar as cidades coloniais mineiras, especialmente Ouro Preto, que se tornou a cidade-tema de suas telas.


Discípulo fiel do mestre, quando perguntado sobre que conselhos daria a jovens artistas, afirmava: “Desenhar! Foi o que aprendi com Guignard. Ele não deixava a gente pintar até que se dominasse a técnica do desenho. E a gente desenhava sem usar a borracha... Não podia apagar, logo, não podia errar. Assim, condicionei meu traço e pude começar a pintar. Geralmente, quem desenha bem, pinta bem. Esse é o alicerce da pintura figurativa.”

 

terça-feira, 21 de junho de 2011

Elias Layon tem a Casa do Contos de Ouro Preto como predileção de sua pintura

 
Conhecido como “Pintor das Brumas”, Elias Layon é dos mais expressivos artistas marianenses. Além de pintar, dedica-se, há alguns anos, à escultura influenciado pelo Barroco Mineiro.

Nascido no Líbano, chegou com a família aos seis anos de idade para morar em Mariana. O dom de desenhar e pintar surgiu bem cedo, aos 7 anos de idade, quando ingressou pelas mãos de sua mãe, eterna incentivadora, na escola de artes da iugoslava Erna Antunes, formada pela Academia de Belas Artes de Viena, casada com industrial marianense. Depois, vieram outros cursos, como o de Pintura ao Ar Livre, à maneira dos impressionistas europeus, com Mário de Oliveira e Oscar Walzak, e o de Anatomia Humana, na Escola de Farmácia de Ouro Preto, além de estudos autodidatas que sempre realizou em seu ateliê em Mariana.


A tela mostrada acima retrata tema de sua predileção: a Casa dos Contos de Ouro Preto, que pinta desde menino. O tema das brumas é uma descoberta pessoal, que o faz voltar à chegada com a família em Mariana. Madrugada fria na estação ferroviária. O menino e a cidade imersa em névoas... Sem dúvida, um modo romântico de ver e sentir a paisagem colonial de Ouro Preto e Mariana... Etérea, silenciosa e envolta em mistérios, que nos transportam a histórias e lembranças passadas.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sérgio Telles, artista do mundo

 


A biografia de Sérgio Telles (1936) conta que ele começou a pintar ainda garoto, aos nove anos, orientado pelo pintor Levino Fânzeres, no Rio de Janeiro. Moço, aos 18 anos, participou do primeiro e depois de outros salões de arte, conquistando várias premiações. Uma delas o fez viajar para a Bahia e outra, para Europa.

Dez anos depois, fez-se diplomata e ganhou novamente o mundo como representante consular e... artista. Acompanhado de seu cavalete, viveu por quase sessenta anos na Europa, África e Ásia, registrando cenas, paisagens e naturezas mortas em cores vibrantes e pinceladas vigorosas, que sua arte próxima a dos mestres “fauvistas” franceses.

Por viver tanto tempo fora do país, “sua obra de pintor não se tornou conhecida dos brasileiros quanto merecia”, como ressalta o poeta e crítico Ferreira Gullar. Aqui, retratou Minas e, claro, Ouro Preto (aqui, a Igraja São José vista da rua Direita), São Paulo, Bahia, Pará, Amazonas, além do Rio de Janeiro. É também desenhista e gravador com belos álbuns de águas-fortes, litografias e serigrafias editados.

Em 2006, aposentou-se das funções diplomáticas, mas não abandonou o cavalete e os instrumentos de sua arte. Além de continuar, pintando, participou ativamente da edição de seu livro “Sergio Telles – Caminhos da Cor” (G. Ermakoff Casa Editorial), lançado a cerca de dois anos.


terça-feira, 14 de junho de 2011

Takaoka, paisagens além de tropas de cavalos


Há cerca de 30 anos, quem viveu em Ouro Preto lembra-se de Yoshiya Takaoka (1909-1978), o artista que gostava de desenhar tropas de cavalos revoltos e que deixou belas pinturas (que ainda estão lá), por exemplo, nas paredes do tradicional Bar Toffolo. Mas, talvez não saiba que sua vida foi totalmente dedicada à arte e que como artista e professor de artes “soube captar com frescor e talento todos os temas que explorou, sempre com domínio técnico e poesia”, como escreve o crítico Ivo Zanini no livro Takaoka: vida, obras, depoimentos.

Ainda segundo Zanini, "Nas dezenas de telas, desenhos e aquarelas que trabalhou, Takaoka enfocou cenas e aspectos de nossas cidades antigas...” e, naturalmente, de Ouro Preto, onde passava temporadas registrando o que via – casario e paisagens – como via e percebia, pouco inventando em seu atelier.


A tela acima foi pintada por Takaoka no Beco do Arieira, em Ouro Preto, em 1970. Mostra como a cidade se transformou nos últimos anos...


sábado, 11 de junho de 2011

Bax, entre o tradicional e o moderno



Esta é uma das três telas do artista mineiro Petrônio Bax (1927-2009) que integram a coleção Sala Ouro Preto, do projeto Arte em Ouro Preto. Traz a Igreja de Santa Efigênia e o casario de seu entorno submersos e envoltos por algas, peixes e outros animais marinhos – elementos emblemáticos de sua pintura.

Segunda a historiadora Ivone Vieira, que publicou livro sobre sua trajetória artística, “Bax, com uma contradição – o mundo terreno submerso –, ... põe-se à procura do divino, elemento que traz a luz, o conhecimento, aspectos que para ele tornariam o homem mais humano”, vendo na obra do artista a afirmação do sublime, do espiritual e do transcendente.

Ex-aluno de Alberto da Veiga Guignard, de quem se pode perceber forte influência, o artista articula o tradicional e o moderno, dando ênfase à pintura e ao resgate do barroco e, ao mesmo tempo, adotando o surrealismo e, por vezes, o abstracionismo, temas estéticos oriundos da escola Modernista.

Para ver as outras obras, acesse http://www.arteemouropreto.com.br/. Em Arte, clique em Pinacoteca e, depois, no nome do artista.


terça-feira, 7 de junho de 2011

Pellegatta, um dos cinco artistas do grupo Tapir





O largo da Matriz do Pilar tendo, ao fundo, o Pico do Itacolomi, foi pintado por Omar Pellegatta em Ouro Preto. Ele é um dos cinco artistas paulistanos que integraram o grupo Tapir, movimento artístico formado, sobretudo, por filhos de imigrantes italianos, que pintavam marinhas e paisagens urbanas, viajando a cidades do litoral paulista e do interior colonial mineiro.

À margem dos movimentos de vanguarda, que surgiram entre os anos 1960 e 1980 nas artes plásticas nacionais, como o Concretismo, a Op Art e o Neoconcretismo, esses artistas – Giancarlo Zorlini, Glycerio Geraldo Carnelosso, João Simeone, José Procópio de Moraes, além de Pellegatta (1925-2000) – movimentam a cena artística paulistana, promovendo exposições e participando leilões de arte, especialmente depois da primeira exposição que realizam em março de 1968.

Curioso, o nome do grupo foi dado pelo crítico de arte, Quirino da Silva, que adotou designação genérica de uma espécie de anta – maior mamífero da América do Sul –, argumentando que se ela era um símbolo da fauna brasileira, as paisagens nacionais pintadas pelo grupo, especialmente o casario colonial, eram também representante significativo da cultura arquitetônica nacional.


domingo, 5 de junho de 2011

Zechetto, Bonadei, Volpi e outros artistas



Oriundo do grupo Santa Helena, que reunia artesãos e trabalhadores da classe média paulistana em torno da pintura neo-impressionista, José Lino Zechetto pintou, sobretudo, marinhas e paisagens, a partir dos anos 1930. Era gráfico e se dedicava às artes somente nos finais de semana, quando viajava com outros colegas para desenhar e pintar locais bucólicos e pitorescos, como as praias paulistas e as cidades coloniais mineiras.

O grupo ficou assim conhecido por se concentrar em “salas alugadas do antigo Palacete Santa Helena, na Praça da Sé, para sobreviver pintando residências, escritórios e edifícios”, como conta o crítico Roberto Stavale no site www.usinadeletras.com.br. Nas manhãs de domingo, eles se reuniam no Parque D. Pedro II, no centro de São Paulo, para expor seus trabalhos. Entre eles, Bonadei, Volpi e Mário Zanini tornaram-se nomes destacados nas artes plásticas nacionais.