terça-feira, 18 de outubro de 2011

Também artistas abstratos, como Yugo Mabe,
pintaram a bela e barroca Ouro Preto


É curioso perceber a paisagem ouro-pretana nesta tela do artista paulista Yugo Mabe (1955). Pintada no esplendor da terceira década de sua vida, é uma das poucas telas vinculadas ao abstracionismo brasileiro a compor a coleção que originou o projeto virtual Arte em Ouro Preto. O que nos leva a crer que bela e barroca cidade atrai artistas de variadas épocas e estilos.

Yugo formou-se em Comunicação em 1977, mas nunca exerceu a profissão de comunicólogo ou publicitário, dedicando-se desde jovem à arte, especialmente a pintura, influenciado pelo pai – o famoso pintor Manabu Mabe (1924-1997) e alguns de seus amigos, que em texto apaixonante afirma nunca ter pretendido ensinar o filho a pintar, mas a ser verdadeiramente um artista... "que pinta pelo prazer de pintar".

Junto a outros imigrantes japoneses, como Tomie Ohtake (1913), pai e filho contribuíram fortemente para a formação e afirmação do chamado abstracionismo lírico, uma das muitas vertentes da arte abstrata desenvolvida, sobretudo, na Europa, a partir da década de 1930. Nesta vertente, a representação figurativa do mundo é substituída pela expressão da emotividade, do ritmo das cores e dos impulsos individuais do artista, que descarta, por exemplo, a perspectiva e os jogos tradicionais de sombra e luz.

Assim, a predominância de manchas e texturas pictóricas sugere a realidade apreendida pelo artista. Diante da tela de Yugo Mabe é possível perceber o serpenteado das casas que levam à Igreja Santa Efigênia, ou, ainda, a igreja São Francisco de Paula levitando sobre a densidade arquitetônica da paisagem ouro-pretana.




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