terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Hezir Gomes retratava a cidade
em cores suaves e ritmo compassado


A arquitetura ouro-pretana era o tema predominante das pinturas do paulista Hezir Gomes (1916-1993), que a retratava de maneira primitiva, embora, em algumas ocasiões, ele se deixasse levar pelo cotidiano religioso da cidade, “enfeitando” a paisagem colonial com festas tradicionais, como as procissões da Semana Santa.

Pintor autodidata, graduou-se em Letras e Ciências Contábeis e trabalhou como escrivão da Polícia do Estado de São Paulo, antes de se fixar em Ouro Preto, onde viveu duas ou três décadas, “inspirado pelo barroco da cidade histórica”, como observa em texto autobiográfico. Nos anos 1960 e 70, pôde trocar experiências com artistas então renomados, que visitavam a cidade periodicamente, como Edesio Esteves, Omar Pellegatta Yoshya Takaoka, e, ainda com os ouro-pretanos Katu, Zé Pio e Mário de Oliveira.

Em seus quadros, é curioso perceber um espírito ordenativo, quase sequencial do desenho. Os elementos da cena barroca  igrejas, casarões e moradores são retratados a partir de uma hierarquia pré-estabelecida pelo artista. Na tela acima, igreja e casario emolduram uma procissão que, em primeiro plano, se forma de maneira compassada, quase estática, como se revelasse o instante fugaz de uma fotografia, retocada em cores suaves e esmaecidas.





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